Conferência no “Liceu” clarifica conceitos: desenvolvimento sustentável não é apenas ambiental

É fundamental corrigir uma ideia enraizada de que a sustentabilidade é apenas ambiental. A sustentabilidade é muito mais do que ambiente, é um importante equilíbrio entre as componentes ambiental, social e de governança. Quem o afirma é Pedro Amaral Frazão, vice-presidente do GRACE- Empresas Responsáveis, uma Associação empresarial de referência em Portugal, com estatuto de utilidade pública, que conta atualmente com mais de 330 empresas Associadas dos mais variados setores de atividade e promotora da responsabilidade e da sustentabilidade das organizações.
De forma interativa e teórico-prática, o orador, Pedro Frazão, na qualidade de vice-presidente do GRACE e coordenador da área da Responsabilidade Social do Grupo Sousa, explanou os conceitos adequados de desenvolvimento sustentável, desfazendo mitos e equívocos, com recurso a uma atividade dinâmica de levar os discentes a responder a um questionário on line (quiz com kear code). Uma forma diferente e motivadora de captar a atenção dos discentes e levá-los a opinar sobre os conceitos para depois apurar resultados e fazer correções.
O ESG (Environment, Social and Governance) – Ambiente, Social e Governança é a sigla que aglutina os pilares essenciais do desenvolvimento sustentável, tendo ficado claro que não são estanques mas que se interligam, numa lógica de intervenção global.
Pedro Frazão procurou ainda colocar o enfoque na decisão de cada pessoa para concluir afirmando que “a sustentabilidade começa em cada um de nós, pensando em todos”. Neste sentido, é muito importante fazer “boas escolhas”. As políticas estão subjacentes às lideranças e, por isso, foram referidos os princípios norteadores da Agenda 2030 da ONU, tendo ficado claro que estas metas não estão a ser atingidas devido aos conflitos geopolíticos (guerras), aos ataques aos navios no Mar Vermelho e ao conflito Israel-Hamas. Também é necessário ter em conta o contexto mundial, os hábitos atuais de consumo e a segurança digital (cibersegurança).
Nesta conferência, a sucessão de exemplos práticos, projetados também com recursos a vídeos apelativos, mostraram que as mudanças de hábitos dos consumidores interferem com o desenvolvimento sustentável. Por exemplo, se alguém vai a uma loja e não encontra um determinado relógio, por exemplo, recorre à Net aos sites de compras e, em 3 dias, tem ao seu dispor o objeto desejado. “Ora, em termos de sustentabilidade, isto é uma tragédia, porque, para resolvermos um problema pessoal, criámos problemas de poluição (transporte de mercadoria) e problemas sociais ao nível da loja. O ideal seria o dono da loja dizer que dentro pouquíssimo tempo teria o produto para vender”.
Ao nível da responsabilidade do transporte marítimo, Pedro Frazão deu o exemplo curioso da dourada, um peixe produzido na aquacultura da Madeira, vendido nos supermercados locais. Mas nos supermercados também se vende, ao mesmo tempo, a dourada que vem da Turquia. Em termos sociais, não estamos a permitir que o produto regional seja consumido ao optar por comprar o mesmo produto importado.
O Grupo Sousa, como parceiro privilegiado do GRACE , tem vindo a aprender com as orientações europeias e internacionais do desenvolvimento sustentável, dando o exemplo do transporte marítimo através do Lobo Marinho, bem como o transporte de gás líquido nos mesmos barcos, em contentores, através da Gaslink.
Débora Pereira também partilhou a experiência do Grupo SONAE que, em matéria de desenvolvimento sustentável, atua há mais de 20 anos no apoio a mais de 9 mil instituições, para a construção de uma comunidade mais solidária. Por isso, investe na alimentação saudável, no apoio às famílias vítimas de calamidades e campanhas solidárias. Uma ajuda essencial do ponto de vista social, com larga experiência ao longo dos anos, e que continua a crescer ano após ano.
Outra experiência partilhada foi a da Casa do Voluntário, fundada em 2002. Filipa Relvas, Sónia Louro e Verónica Veroni aludiram ao projeto N.A.D.A., Não Ao Desperdício Alimentar, ao Voluntário de Proximidade e ao Porto Santo Inclusivo. Uma intervenção com voluntários no terreno que tem dado um contributo decisivo na ajuda a carências sociais em diversos nichos de população.