Núcleo Museológico “O Lyceu” – Peças com história

O sextante e a navegação aérea

Dezembro: sextante
Datação: anos 20, século XX
Proveniência: ESJM
Fotografia: Carlos Freira
Pesquisa e texto: Lília Castanha

O Dia Internacional da Aviação Civil assinala-se a 7 de dezembro. Neste âmbito, o NMLJM apresenta um sextante, da marca alemã Max Kohl AG Chemnitz. A marca fabricava aparelhos de Física e Química para escolas e universidades, e divulgava-os através de catálogos, também parte do acervo da ESJM.

Desenvolvido no século XVIII, o sextante desempenhou um papel crucial na navegação marítima. Mede o ângulo entre um objeto astronômico (como o Sol, a Lua, uma estrela ou planeta) e o horizonte, indicando a posição da embarcação.

No entanto, este instrumento também foi fulcral na navegação aérea, nomeadamente em 1922, na primeira travessia aérea do atlântico sul, comandada por Sacadura Cabral e Gago Coutinho. Foi a primeira ligação aérea entre Portugal e o Brasil. Para que tal travessia fosse possível, Gago Coutinho utilizou um sextante clássico da Marinha e adaptou-o às necessidades da navegação aérea. Inseriu um sistema de horizonte artificial, que lhe permitiu observar a altura de um astro, em situações em que o horizonte do mar não era visível, calculando assim a sua posição.

O primeiro teste do sextante de Gago Coutinho, e de um corretor de rumos igualmente criado por si, aconteceu em 1921, na primeira travessia aérea Lisboa-Funchal, com a duração de 7 horas e 30 minutos. Após o sucesso desta viagem, no ano seguinte, a dupla portuguesa aventurou-se então na histórica travessia aérea do atlântico sul. É considerada uma das maiores conquistas da história da aviação mundial.